CAPACITAÇÃO: CURRÍCULO,CONHECIMENTO E CULTURA
Arisnaldo Adriano da Cunha
O artigo da pedagoga Lucíola Santos convida o professor a refletir o que está sendo ensinado na escola? Quais as razões do fracasso escolar? Sobre a ideologia do currículo, isto é, se os temas selecionados apresentam uma visão eletista ou democrática? Considerar somente conteúdos universais sem observar as características culturais regionais? Acreditamos que devemos considerar ambos, pois o aluno precisa além de conhecer a sua realidade, necessita saber a cultura geral, aquela adquirida histórica e cientificamente, para adquirir identidade e desenvolver o senso crítico.
Na atualidade as pedagogias críticas rejeitam um currículo centrado apenas em habilidades cognitivas, mas que envolvam diferentes campos da cultura. Ver se os conteúdos selecionados são adequados ao ciclo de desenvolvimento, busque a integração de conteúdos rompendo com a organização disciplinar, se são relevantes socialmente, interessantes para as crianças e adolescentes, relacionados a questões da vida cotidiana, capacidade de argumentação, questionamento e crítica. É fundamental que o currículo estimule os alunos a construir conhecimento, de modo que eles sejam capazes de lidar com a diferença, valorizando e respeitando a cultura do outro, além de formular propostas de solução para problemas detectados.
O filósofo Sílvio Gallo afirma que é emergente que o professor insira paulatinamente em sua prática a interdisciplinaridade, que segundo ele é a consciência da necessidade de um inter-relacionamento explícito e direto entre as disciplinas todas. Os alunos não conseguem perceber que as explicações especializadas das disciplinas são da mesma realidade, assim podemos entender o fracasso escolar. Como sugestão para uma melhoria no aproveitamento e rendimento dos alunos, no lugar de partir de racionalizações abstratas de um tema, começar o processo educacional na realidade que o aluno vivencia em seu cotidiano.
O saber compartimentalizado é intensificado pelo aparelho burocrático da escola, através de nossos programas, livros-texto, diários de classe, etc. Os professores podem ter uma participação extremamente importante no processo de romper com essa tradição alienante. Como? São duas as principais respostas: a pedagogia de projetos, que é construir coletivamente projetos temáticos, em torno dos quais os professores de cada disciplina desenvolvem seus conteúdos próprios; e os temas transversais, onde são escolhidos alguns temas que serão o eixo do currículo, e atravessarão todas as disciplinas.
Maria das Mercês Ferreira Sampaio e Alda Junqueira Marin afirmam que o espaço e o tempo da Escola precisam ser revistos, como também a formação dos professores, que é segmentado. Além da participação do professor na construção de um novo currículo trabalhado de forma interdisciplinar, é necessário pensar como está organizado o espaço e o tempo escolar para que isso ocorra de verdade. É preciso construir uma nova escola sobre o ponto de vista arquitetônico e pedagógico para que os alunos consigam desenvolver o seu aprendizado dentro de seu tempo, isto é, de seu ritmo biológico e emocional. Para isso é sugerido projetos como escola de horário integral e a organização do ensino por ciclos.
Estamos conscientes que é urgente uma mudança na escola pública. Os indicadores educacionais nos distancia cada vez mais dos resultados divulgados pelas escolas particulares. Fica evidente que além do compromisso dos professores em querer mudar o seu olhar e a sua postura em sala de aula, é também urgente mudanças burocráticas da escola e uma reformulação e atualização na política de cargos e salários do magistério. Quando discutimos interdisciplinaridade, projetos escolares e currículo, precisamos de tempo para planejamento, socialização de experiências. No momento este tempo para o professor não está sendo oferecido. Por que uma reunião pedagógica não é contado um dia letivo? Por que reuniões de estudo e planejamento para professores não podem contar nos 200 dias letivos?
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